o fim do ano chegou! ontem era o começo de janeiro e hoje é dia 19 de dezembro. chega a ser estranho pensar que as coisas que aconteceram antes de março foram parte de 2020. quando lembro das coisas que fiz antes da quarentena todas parecem ter sido no espaço de tempo equivalente a uma semana muito longa ali no final de 2019. essa lista é fortemente influenciada por esse sentimento. sinto que muitas das coisas que cito aqui foram relevantes pra mim especialmente pelas condições atípicas de vivenciar um colapso. nunca passei tanto tempo em casa. nunca passei tanto tempo dentro do meu quarto. durante o isolamento ocupar meu tempo foi ao mesmo tempo uma necessidade e um desafio. tudo nessas listas facilitou um pouco esse processo!
all mirrors - angel olsen
quando o all mirrors saiu em 2019 senti certa dificuldade pra escutar ele porque parecia que nunca encontrava a oportunidade perfeita. tentei algumas vezes e sempre abandonava depois de too easy. no começo da quarentena fui tentar mais uma vez pra ver se encontrava a hora certa e de lá pra cá escuto esse álbum toda semana. se eu já era completamente apaixonada por angel olsen quando descobri o burn your fire for no witness não sei explicar o que sinto depois do all mirrors. esse álbum é incrível pra ouvir numa madrugada difícil de um dia útil.
titanic rising - weyes blood
esse aqui me acompanhou muito nos melhores e piores finais de noite de 2020! se passo muito tempo em silêncio escuto weyes blood cantando andromeda ou something to believe dentro da minha cabeça.
fetch the bolt cutters - fiona apple
meu lançamento preferido do ano. absolutamente nada me prendeu ou me deixou tão obcecada quanto o fetch the bolt cutters. cada música teve um espaço importante pra mim em algum momento de 2020. foi o álbum que me fez ouvir fiona apple após anos pensando "vou deixar isso aqui pra depois porque sei que quando eu cair nesse buraco vou ficar presa por meses". estava certa! estou presa há meses (e adorando cada segundo). depois de ouvir toda a discografia dela achei a ideia de começar pelo fetch the bolt cutters engraçada mas continua sendo um dos meus álbuns preferidos.
vision of bodies being burned - clipping.
eu me reconcilio com a vergonha de gostar tanto de hamilton com a alegria de ter conhecido daveed diggs e poder ouvir clipping. o visions of bodies being burned é pra mim um dos três melhores álbuns de 2020.
pré-jogo - ginge
o ep de estreia da ginge tem quatro músicas e ainda assim segundo o last.fm ouvi a banda 118 vezes. gosto de pensar que num ano normal agora em dezembro estaria assistindo show da ginge em joão pessoa e recife.
super trouper - abba
não é um exagero dizer que praticamente toda vez que lavei o cabelo em 2020 estava ouvindo o super trouper. depois de rever mamma mia! duas vezes eu adotei esse álbum como a trilha sonora oficial de karaokê no chuveiro. chorei algumas vezes cantando the winner takes it all e andante andante.
what's your pleasure - jessie ware
fiquei muito triste por não poder dançar o what's your pleasure numa festa ou pegar o cabo auxiliar e pôr pra tocar num rolê de amigos na casa de alguém. acho que ele dividiu com o super trouper o posto de álbum do chuveiro pois cantei muito enquanto hidratava o cabelo (principalmente quando ele saiu). toda vez que toca remember where you are bate uma vontade de dar uma voltinha, olhar pro céu e ouvir os barulhos da cidade. foi meu primeiro contato com jessie ware! gostei muito.
life of pablo - kanye west
agora no finalzinho do ano passei muito tempo deprimida. novembro e dezembro são um borrão na minha cabeça. nesses meses, porém, ouvi muito kanye west. eu sempre acabo ouvindo kanye quando tô no fundo do poço. acho que é uma tentativa de puxar um pouco a autoestima dele pra mim nos dias difíceis. life of pablo foi o escolhido de dezembro pra ouvir noite e dia enquanto tento ser funcional.
não vou falar individualmente sobre os filmes que escolhi porque de certa forma já fiz isso no letterboxd. dito isso, 2020 foi sem sombras de dúvida o ano em que mais assisti filmes na vida. até agora, 19 de dezembro, foram 133 (!!!). tenho um histórico delicado com cinema: em 2019 assisti 10 filmes e terminei o ano muito satisfeita comigo porque foi um recorde nos últimos anos. até recentemente eu sentia uma dificuldade séria de ficar quieta e focada por mais de uma hora. a dificuldade não foi embora (até porque o tdah continua aqui) mas esse ano o cinema foi uma fonte constante de conforto.
hausu - nobuhiko obayashi (1977)
what we do in the shadows S02
guardo com muito carinho a época de 2020 em que a segunda temporada de what we do in the shadows estava saindo semanalmente porque assistia todos os episódios religiosamente com um amigo no discord e foi quando o isolamento começou a bater de verdade. adorei o desenvolvimento do guillermo nessa temporada.
the x-files S01 eu assisti a primeira temporada de x-files por volta de 2015 e deixei pela metade casualmente como quem deixa uma comida durante meses na geladeira sempre pensando "ah, depois eu vou comer" até perceber que já passaram meses e o negócio estragou irreversivelmente. a única solução é jogar até o pote no lixo porque não dá pra aproveitar nada dali. foi mais ou menos assim que recomecei x-files lá por volta de maio e deixei de lado de novo quando cheguei no finalzinho da primeira temporada. espero conseguir terminar até o fim do ano mas definitivamente foi um marco de 2020! mulder e scully são muito meu ponto fraco.
doctor who S08 S09 S10
doctor who foi parte essencial da minha formação como pessoa e acho que isso não é segredo pra ninguém. quando a nona temporada estava saindo em 2015 eu não estava muito bem e deixei alguns episódios acumularem imaginando que assistiria algumas semanas depois. acabou que deixei passar tempo demais e em 2020 decidi rever com um amigo no discord todas as temporadas do capaldi como 12th doctor. é engraçado porque meu doctor preferido sempre foi matt smith mas acredito que esse ano peter capaldi tomou essa posição pra ele. highlight pra a sequência de face the raven, heaven sent e hell bent.
the oc S01 e S02
a maior novela adolescente dos anos 2000! gosto muito de como the oc é um produto muito específico da época. atores velhos demais fazendo adolescentes. intriga entre ricos. mcmansions horríveis. figurino sem pé nem cabeça. shows inesperados de death cab for cutie, the killer e modest mouse na segunda temporada. passei os últimos anos esperando pacientemente pela hora certa de rever (preferencialmente quando já tivesse esquecido da maioria dos plots) e essa hora chegou quando eu estava querendo revisitar alguma série confortável do passado, cansada demais pra ver algo novo. apesar de tudo eu continuo apaixonada por seth cohen.
neon genesis evangelion
decidi rever evangelion pelo mesmo motivo que decidi ouvir o life of pablo repetidamente na última semana: o isolamento ficou insustentável e parece que o peso do ano inteiro bateu na porta quando descobri que já era dezembro. assisti evangelion pela primeira vez em julho de 2019 com um amigo e sinto que algumas coisas só bateram de verdade agora quando vi sozinha e já sei o que esperar. me parece que dessa vez é mais fácil só relaxar e prestar atenção nas cenas sem ter que fazer um malabarismo mental constante pra tentar associar informações novas. estou no décimo oitavo episódio enquanto escrevo isso e um dos meus maiores receios era que a carga emocional do anime fosse coisa demais pra processar de uma vez só. aconteceu o efeito contrário e conforme os episódios vão ficando cada vez mais abstratos e instrospectivos venho me sentindo cada vez mais reconfortada.
drive your plow over the bones of the dead - olga tokarczuk
um livro que li sem ter a menor ideia do que me esperava. li por recomendação de benjamin, que não tinha lido mas imaginou que eu iria gostar (se é que isso faz sentido). um dia faltou luz aqui em casa das 21h da noite até 09h da manhã do dia seguinte. nesse dia sentei no sofá do terraço com o kindle e só saí de lá quando terminei de ler ele. foi a primeira vez que terminei um livro em muitos anos.
as cidades invisíveis - italo calvino
cidades invisíveis foi uma recomendação de isabor. é um livro sobre marco polo, um viajante contando histórias sobre as cidades do império que o imperador jamais poderá visitar. é um livro curtinho mas venho lendo ele em pedaços nos últimos meses porque as descrições das cidades me deixam com saudades de sair de casa e descobrir novos lugares.
the faceless old woman - jopeh fink & jeffrey cranor
apesar de gostar muito de welcome to night vale, quando o primeiro livro da série saiu não me importei muito e deixei pra ler depois. decidi dar uma chance pra faceless old woman pensando que gosto muito da construção de night vale no podcast e foi divertido ver como estruturam o universo em livros. eu sinto que teria ficado obcecada por esse livro se tivesse lido aos quatorze anos de idade.
the catcher in the rye - j.d salinger
esse aqui eu LI aos quatorze anos de idade e fui obcecada por ele durante minha adolescência inteira. na tentativa de retomar o hábito de ler eu pensei que talvez fosse mais fácil reler livros queridos enquanto tentava pegar um ritmo. na época que li the catcher in the rye fiquei obcecada com o isolamento de salinger e achei que seria engraçado reler o livro enquanto eu também estava isolada. fiquei triste e parei na metade.
persuasion - jane austen
teoricamente persuasion é o livro mais refinado e polido de austen e eu sempre deixei ele de lado porque nunca tive muita paciência pra a história. eu leio jane austen precavidamente e em doses curtas, porque gosto muito de como ela escreve e acho divertido ir espaçando bem o tempo entre um livro e outro. definitavemente é o trabalho mais descritivo dela mas acho que também é o menos envolvente.
the collected stories of lydia davis
em varieties of disturbance lydia davis escreveu meu texto preferido, kafka cooks dinner. li pela primeira vez aos treze anos num blog e passei meses com ele na cabeça. quando lembrei de ir atrás do livro eu já estava lenta e sem foco então foi natural deixar o pdf de lado com a promessa de que leria depois. dessa vez baixei o collected stories of lydia davis no kindle e venho lendo de madrugada em dias difíceis.
os porões da contravenção - aloy jupiara & chico otavio
em algum momento de abril/maio fiquei obcecada pela história do jogo do bicho e li um livro chamado ganhou, leva! o jogo do bicho no rio de janeiro (1890-1960), de felipe magalhães. quando terminei de ler fiquei me perguntando porque o recorte vai especificamente até 1960. depois entendi bem o que aconteceu: falar sobre jogo do bicho na década de 60 é explicar o envolvimento do jogo do bicho com a ditadura.
from here to eternity - caitlyn doughty
ruined by design - mike monteiro
walkscapes: walking as an aesthetic practice - francesco careri
decidir ler walkscapes sem poder sair de casa pra andar defifinitivamente foi uma escolha.
shaping the city: studies in history theory and urban design - rodolphe el-khoury & edward robbins